O g1 Maranhão conversou com a psicóloga Julliana Aragão para explicar o papel de um pai ativo no desenvolvimento e crescimento saudável do filho.
O Dia dos Pais, comemorado neste domingo (13), traz a reflexão sobre a importância da figura paterna na vida dos filhos, ou a “paternidade ativa”. Ser um pai presente não se limita apenas ao sustento financeiro, mas também diz respeito à disponibilidade de afeto, valorização da individualidade da criança e criação de memórias afetivas familiares.
De acordo com a psicóloga Julliana Aragão, momentos como colocar para dormir, levar à escola, ajudar nas atividades, ter tempo para uma programação em família e dar ouvidos às queixas da criança são formas de ser um pai ativo. Essas decisões fazem com que o filho se sinta amado e protegido pelo pai, e ele se torna uma figura de referência e admiração.
“A paternidade ativa é construída a partir da disponibilidade de ações da figura paterna, desde o pré-natal até idades avançadas. É importante relembrar aos pais que essas decisões parecem ser pequenas, no entanto, de forma frequente e contínua, é que essa relação se estabelece, portanto, o pai precisa estar disponível para que o vínculo aconteça de forma saudável”, disse Julliana ao g1.
A paternidade ativa também é fundamental no bom crescimento e desenvolvimento da criança, que tem a tendência de se tornar um adulto autônomo, mais autoconfiante, empático e responsável em suas ações.
“A figura paterna representa força, proteção, coragem e respeito. Um pai presente influencia na tomada de decisão do filho pois se torna um modelo a ser seguido. Estudos apontam que crianças com pai ativo em sua criação vão melhores na escola, são mais empáticas, são mais seguras emocionalmente, com menor probabilidade em se envolverem com drogas ou abandonarem os estudos”, afirmou Julliana.
Um exemplo de paternidade ativa, em dose dupla, é o dos papais Aécio Machado e o Vicente Garcia. Casados há quase três anos, eles comemoram o primeiro Dia dos Pais ao lado da filha Ava, de 10 meses de idade.
Consequências da falta da figura paterna
Segundo dados dos Cartórios de Registro Civil, de janeiro a agosto deste ano no Maranhão, dos 56.818 nascimentos registrados, 6.430 possuem apenas o nome da mãe. Ou seja, 11,32% das crianças nascidas no estado têm o pai ausente.
O triste dado alerta para as consequências da falta da figura paterna na vida do filho. Julliana Aragão aponta que essa ausência pode causar, por exemplo, um comportamento agressivo na criança, que desenvolve feridas emocionais pelo sentimento de abandono e injustiça.
“Muitas feridas emocionais podem ser acumuladas no coração de uma pessoa na ausência da sua figura paterna, o sentimento de abandono e injustiça tendem a prevalecer, além de também ser observado facetas de agressividade, fazendo com que as crianças se tornem mais inseguras, instáveis emocionalmente, desenvolvam uma autoestima inferior, são mais propensas a entrarem numa relação invasiva e ao desenvolvimento de vícios na vida adulta”, explicou a psicóloga.
Para combater essa realidade, uma lei, aprovada e sancionada no dia 28 de junho, obriga os Cartórios de Registro Civil a comunicar à Defensoria Pública do Estado do Maranhão (DPE-MA) quando uma criança for registrada sem o nome do pai.
Segundo a legislação, a mãe será informada que ela tem, além do direito de indicação do suposto pai, o direito de propor em nome da criança, a ação de investigação de paternidade, com o objetivo de inclusão do nome do pai no registro civil de nascimento.
Assim, por meio de forças-tarefas e mutirões, a Defensoria vai fazer uma busca ativa desses pais ausentes para registrá-los, viabilizando uma série de direitos e garantias a essas crianças.
Fonte: G1 MA
